ANAMPA será a voz ativa dos aposentados, garante Regina Butrus, vice-presidente da entidade

Com uma carreira sólida no Ministério Público do Trabalho (MPT), Regina Butrus é reconhecida pelos pares por seu compromisso na defesa dos direitos da classe e habilidosa articulação política. Desde os primeiros anos de atuação na instituição, se inclinou pela política institucional, acumulando vasta experiência em cargos de liderança como procuradora-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho no Rio de Janeiro e, posteriormente, presidindo a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT). Hoje, como vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados Aposentados do Poder Judiciário da União e de Procuradores Aposentados do Ministério Público da União (ANAMPA), ela promete continuar trabalhando arduamente para promover a reunificação dos interesses entre ativos e aposentados das carreiras da magistratura e do Ministério Público, garantindo que todos tenham seus direitos devidamente reconhecidos e respeitados. Nesta entrevista concedida à equipe de comunicação da ANAMPA, Regina conta como pretende atuar na entidade que surgiu da necessidade de representar, de forma prioritária e eficaz, os interesses dos aposentados da magistratura e do Ministério Público: “Não somos apenas uma diretoria conduzindo a entidade, somos um grupo de gestão, e a força da ANAMPA está justamente na participação ativa de seus membros”. Confira a íntegra da conversa a seguir: Como foi sua experiência ao longo dos anos de atuação junto ao Ministério Público do Trabalho e quais foram os principais desafios enfrentados ao assumir cargos de liderança dentro da instituição? Regina Butrus: Desde o início da minha carreira no Ministério Público do Trabalho, sempre tive um forte envolvimento com a política institucional. Assim que ingressei, comecei me interessar pela articulação de candidaturas para procurador-geral do trabalho e para a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT). Esse envolvimento me levou a participar ativamente da elaboração de propostas para a emendas da Lei Orgânica do MPU, que, na ocasião, tramitava no Congresso Nacional. No início da década de 1990, organizamos o primeiro Encontro Nacional de Procuradores do Trabalho, um marco para a categoria. Até então, nos conhecíamos apenas por telefone, e esse evento foi uma oportunidade única para reunir procuradores de todo o país, discutir as emendas e alinhar estratégias para a defesa de nossos interesses no Congresso Nacional, a partir desse momento. Em 1995,assumi a chefia da Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região, um grande desafio para mim, especialmente porque não havia um processo formal de eleição para o cargo. Na época, havia apenas uma escolha informal entre os pares. Gerir uma unidade do MPT envolve mais do que apenas as funções administrativas. Como procuradora-chefe, minha missão era coordenar administrativamente meus pares, colegas que possuem total independência funcional, o que exigia um trabalho baseado na articulação e no convencimento. Uma das primeiras mudanças que implementei foi transformar a dinâmica das reuniões: optei por encontros mais horizontais, em uma sala onde todos pudessem contribuir no mesmo plano. Outro grande desafio foi o enfrentamento de um acervo processual acumulado, que resolvemos por meio de um mutirão. Todos os procuradores mantiveram suas atribuições regulares, mas também se engajaram na triagem e na exaração de pareceres dos processos pendentes, o que exigiu um esforço conjunto e demonstrou o espírito colaborativo da equipe. Como foi essa experiência de disputar uma eleição para procuradora-geral do trabalho e quais aprendizados isso trouxe para sua trajetória profissional? Regina: A candidatura à procuradora-geral do trabalho foi um dos momentos mais marcantes da minha trajetória. No ano de 1999, fui incentivada por colegas que depositaram confiança em mim para exercer a chefia do MPT, em nível nacional. Durante a campanha, viajei por todo o país, apresentando minhas propostas e dialogando com os procuradores nas Regionais. Fui a mais votada, com uma expressiva votação. No entanto, o então procurador-geral da República optou por nomear outro candidato, baseado na interpretação de que apenas subprocuradores-gerais deveriam ocupar a chefia da instituição. Apesar de não ter sido nomeada, essa experiência reforçou minha convicção de que a representatividade se constrói com diálogo e dedicação. Esse aprendizado foi fundamental quando decidi concorrer, anos depois, à presidência da ANPT, onde fui eleita e cumpri dois mandatos, entre 2000 e 2004. A experiência de articular demandas institucionais, representar a classe e construir consenso pavimentaram minha trajetória e, hoje, contribuem para meu trabalho na ANAMPA. Quais foram os principais desafios ao assumir a presidência da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e quais conquistas a senhora destacaria desse período? Regina: Quando assumi a presidência da ANPT, enfrentei uma situação financeira bastante delicada. A gestão anterior havia investido na realização do Encontro Nacional de Procuradores, o que comprometeu a saúde financeira da entidade durante meu primeiro mandato. Outro desafio foi ampliar a representatividade da ANPT junto ao Congresso Nacional. A entidade já possuía contato com os parlamentares, mas era necessário fortalecer essa presença política. Na minha posse, tive a honra de contar com a presença de ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, além de parlamentares. Tudo isso contribuiu para consolidar aquela gestão da ANPT como uma entidade respeitada, capaz de dialogar com outras entidades e instituições, com o fim de defender os interesses da classe de forma assertiva. A senhora também foi a primeira mulher a assumir a 1ª vice-presidencia da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP), em 2002. De que forma essa atuação contribuiu para sua visão sobre o associativismo? Regina: A experiência na CONAMP foi extremamente enriquecedora e ampliou minha visão sobre a atuação política e associativa. Fui convidada pelo então presidente, Marfan Martins Vieira, para integrar sua chapa como 1ª vice-presidente, e juntos trabalhamos para fortalecer a presença da entidade no cenário nacional. A CONAMP sempre teve um papel de grande relevância, atuando tanto nos interesses corporativos do Ministério Público quanto em questões sociais de interesse público, influenciando o debate legislativo. Na CONAMP, tive a oportunidade de lidar com presidentes de associações de classe dos Ministérios Públicos estaduais, o que exigiu uma habilidade diferenciada de articulação e negociação. Essas lideranças, traziam demandas regionais específicas e essa vivência me ensinou a importância do diálogo institucional e da construção de pontes